Tributo Saudável – Biblioteca

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Mesmo com uma crescente base de evidências científicas sobre os impactos negativos do consumo de produtos ultraprocessados sobre a saúde (LANE et al., 2024)(PAGLIAI et al., 2020)(HALL et al., 2019), ainda são escassos os estudos que estimem o que isso representa em termos da carga epidemiológica e econômica sobre populações e sociedades.

Nesse sentido, como únicos estudos até o momento sobre a carga epidemiológica, no Brasil, estimou-se que 57 mil mortes prematuras por todas as causas sejam atribuíveis ao consumo de produtos ultraprocessados (NILSON et al., 2022a), sendo que cerca que um terço seriam representados por doenças cardiovasculares (NILSON et al., 2022b).

Um dos principais motivos para essa limitação no número de estudos de modelagem com ultraprocessados é que ainda não há estudos que estimam o risco relativo e a relação dose-resposta para todos os desfechos de saúde associados ao seu consumo, mas se espera que, com o avanço nas evidências, haja um aumento nesse tipo de abordagem.

Além disso, a indisponibilidade de análises de consumo até então não consideraram outras desagregações geográficas e populacionais que pudessem melhor apoiar o advocacy e a tomada de decisões.

Em relação aos custos atribuíveis a doenças crônicas não-transmissíveis e seus fatores de risco, grande parte dos estudos se concentram nos custos diretos, ou seja, os custos do tratamento, normalmente envolvendo os custos ao Sistema Único de Saúde – SUS (OLIVEIRA; SANTOS; SILVA, 2015)(COUTINHO et al., 2016)(NILSON et al., 2020a). Porém se sabe, por outro lado, que os custos indiretos representados pelas perdas de produtividade causadas pelas doenças podem ser ainda maiores do que seus custos diretos, especialmente considerando a mortalidade prematura (NILSON et al.,2020b).

Assim, neste primeiro relatório, são apresentadas as estimativas de mortalidade prematura por todas as causas atribuíveis ao consumo de produtos ultraprocessados na população brasileira em 2019 para as macrorregiões geográficas e Unidades da Federação, comparáveis ao estudo que estimou o total de 57 mil mortes prematuras anualmente no país. Além disso, este relatório traz as primeiras estimativas de custos indiretos da mortalidade prematura atribuíveis ao consumo de produtos ultraprocessados, aos quais se somarão as estimativas inéditas de custos diretos ao SUS e de outros custos indiretos por obesidade, diabetes e hipertensão atribuíveis ao consumo de ultraprocessados, no relatório 2.


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