Relatório II – Estimação dos custos diretos e indiretos da obesidade, diabetes e hipertensão atribuíveis ao consumo de produtos alimentícios ultraprocessados na população adulta do Brasil.

O consumo de produtos ultraprocessados representa um importante fator de risco para doenças crônicas não-transmissíveis, que contribui para os custos econômicos diretos e indiretos, considerando as despesas de saúde e as perdas de produtividade às economias.

No Brasil observa-se uma tendência de aumento no consumo de ultraprocessados ao longo das últimas décadas, particularmente nas famílias de menor renda e entre crianças e adolescentes.

O presente estudo foi baseado em uma metodologia de análise comparativa de risco para estimar os custos diretos e indiretos atribuíveis ao consumo produtos ultraprocessados para doenças crônicas não-transmissíveis como a obesidade, o diabetes e a hipertensão, a partir de dados de inquéritos populacionais, do Sistema Único de Saúde (SUS), do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e da literatura científica, tendo como referência o ano de 2019.

A somatória dos custos diretos e indiretos atribuíveis ao consumo de produtos ultraprocessados por essas doenças em 2019 foi de cerca de R$1,2 bilhão por ano, com pequenas diferenças segundo o sexo dos adultos.

Os custos diretos atribuíveis ao consumo de produtos ultraprocessados por essas três doenças totalizaram R$933,5 milhões por ano, sendo maiores os custos com o tratamento do diabetes, seguido pela hipertensão e pela obesidade. Os custos com hospitalizações e com medicamentos representaram os principais custos ao SUS com esses desfechos e doenças associadas. Os custos indiretos atribuíveis a essas doenças, que consideram os benefícios previdenciários oficiais e o absenteísmo por licenças médicas e internações hospitalares, totalizaram R$263,2 milhões por ano, sendo quase a metade deles com obesidade.

Esses resultados indicam a necessidade de fortalecer e ampliar as políticas regulatórias, incluindo as fiscais, para o enfrentamento desse problema de saúde pública, de forma a promover escolhas alimentares mais saudáveis e desincentivar o consumo de produtos danosos à saúde, como os produtos ultraprocessados.

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